CASA SIMON FAUSTO | X |
O aproveitamento das praias do litoral sul de São Paulo se inscreve no absurdo panorama do processo de urbanização brasileiro. Praias e matas são retalhadas e vendidas a metro, como tecido. Sendo o lucro imediato o único critério desses novos setores do mercado imobiliário os resultados são atestado da mais espantosa irracionalidade. As praias viraram avenidas, a paisagem virou uma muralha informe de casas contra o fundo da serra, transformada em telão de teatro ambulante, quase irreal de tão distante.
A província desce a serra para molhar seus pés na água. Quando tem sorte, senta-se num pedaço de praia para ouvir, no seu rádio de pilha, o jogo de futebol, país do bom solo, "onde, tudo, em se plantando dava" não sobrou senão uma nesga de chão.
A tradicional malha de lotes e o mesquinho arruamento cobriu toda a faixa entre a estrada e a praia. E a areia branca ou avermelhada de Ubatuba abriga hoje perigosos dentes de metal enferrujado das esquecidas latas de sardinha.
Essas contradições não encontram, evidentemente, solução, no âmbito do edifício. Seria o mesmo que esperar de um médico a cura de um cadáver.