TEATRO OFICINA
(1967)

X
  • DEPOIMENTOS (1/1)
  •  
    X
     
    Trecho de entrevista

    © José Celso Martinez Corrêa

    Queimaram o Teatro Oficina, o teto veio abaixo. O Flávio foi até lá e morria de rir:  “o teto dos pequenos burgueses caiu, que maravilha!”. Ele ficou contentíssimo com o incêndio... Eu vesti um terno, fui receber a imprensa, todos os atores chorando na calçada. Tive que me conter enquanto Flávio dava gargalhadas. No dia seguinte acordei  com uma dor enorme.

    Caiu enfim a casa dos pequenos burgueses... Mas eu, ainda estupidamente colonizado, pedi a ele que reconstruísse um teatro brechtniano, com um palco giratório à maneira do Berliner Ensemble em que assistira uma série de espetáculos em visitas à Europa. O Flávio não queria fazer aquilo, eu insisti.

    E então ele e o Rodrigo Lefèvre fizeram um projeto já pra montar Galileu Galilei, que a gente achava uma peça difícil de encenar, com a porta por onde entraria o boneco da cena do carnaval e o palco giratório, sem nenhuma rotunda.

    Os arquitetos radicalizaram ainda mais a proposta de um teatro nu, com escadarias em concreto, em que encenamos a peça o “Rei da Vela”, com cenografia de Helio Eichbauer, que é outro gênio. 

    JOSÉ CELSO MARTINEZ CORRÊA

    TEATRO OFICINA
    (1967)