TEATRO OFICINA | X |
Queimaram o Teatro Oficina, o teto veio abaixo. O Flávio foi até lá e morria de rir: “o teto dos pequenos burgueses caiu, que maravilha!”. Ele ficou contentíssimo com o incêndio... Eu vesti um terno, fui receber a imprensa, todos os atores chorando na calçada. Tive que me conter enquanto Flávio dava gargalhadas. No dia seguinte acordei com uma dor enorme.
Caiu enfim a casa dos pequenos burgueses... Mas eu, ainda estupidamente colonizado, pedi a ele que reconstruísse um teatro brechtniano, com um palco giratório à maneira do Berliner Ensemble em que assistira uma série de espetáculos em visitas à Europa. O Flávio não queria fazer aquilo, eu insisti.
E então ele e o Rodrigo Lefèvre fizeram um projeto já pra montar Galileu Galilei, que a gente achava uma peça difícil de encenar, com a porta por onde entraria o boneco da cena do carnaval e o palco giratório, sem nenhuma rotunda.
Os arquitetos radicalizaram ainda mais a proposta de um teatro nu, com escadarias em concreto, em que encenamos a peça o “Rei da Vela”, com cenografia de Helio Eichbauer, que é outro gênio.
JOSÉ CELSO MARTINEZ CORRÊA