Flávio Império ocupa uma posição especial no grupo dos cinco arquitetos pintores, pelo seu temperamento satírico e sua preocupação política. Êle é indiscutivelmente o Daumier da arte satírica brasileira de hoje, potencialmente um dos maiores pintores satíricos contemporâneos de todo o mundo.
Ultimamente Flávio enriqueceu de modo notável as suas composições pelo emprêgo de numerosos objetos pequenos apostos às suas telas, de maneira sobremodo feliz. Conseguiu assim criar imagens definitivas de alguns dos protótipos da vida política brasileira dos últimos anos.
Dotado de uma inteligência aguda e implacável, Flávio revela a desumanidade, a confusão e a inépcia vociferante dos reacionários brasileiros, desmascarando a sua vacuidade empolada. Êle se distingue essencialmente de artistas como Enrico Baj, Juan Genovés, Manuel Calvo e Rosenquist, que possuem um senso trágico mais profundo. Flávio desmascara e fustiga, sem se apiedar. Tem maior eficácia política.
MÁRIO SCHENBERG