TODO ANJO É TERRÍVEL
(1962)

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  • DEPOIMENTOS (2/2)
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    José Celso Martinez Corrêa
    Palestra
    Ocupação Flávio Império
    Instituto Itaú Cultural
    2012

    © Jose Celso Martinez Corrêa

    Logo depois de Um bonde chamado desejo convidei Flávio para fazer comigo Todo anjo é terrível, com a Madame Mourineau, o Ronaldo Daniel e o Renato Borghi. Era uma peça americana baseada num romance muito bom, mas em si não era um grande texto ... mas ele construiu um cenário também maravilhoso, usando a verticalidade. A gente tem fotos belíssimas de uma cena que acontecia no segundo andar, entre a Célia Helena e a  Madame Mourineau. Parece cinema. Tinha a casa da pensão, seus hóspedes e escada para a parte superior que era o quarto, onde a Célia Helena morava, e na frente uma marmoraria. O próprio Flávio esculpiu o maravilhoso anjo que compunha o cenário.

    O cenário tinha uma coisa fabulosa: no final do espetáculo, a dona da pensão ficava possessa com a situação da crise criada na família, e sacudia os apoios do alpendre da pensão e o cenário inteiro caía. Era uma coisa doida, um cenário assim, construído de uma maneira tão sólida, realista e Madame Morineau o desconstruía.

    Essa foi uma fase do teatro em que a gente ainda estava bastante ligado a Stanislavski, ao Actor’s Studio, a Eugênio Kusnet, ao realismo, essa coisa toda, até que veio o golpe de 64, e nós começamos a trabalhar no teatro que não fosse realista, o teatro épico, com a  influência do Brecht.

    JOSE CELSO MARTINEZ CORRÊA

    TODO ANJO É TERRÍVEL
    (1962)