Flávio Império faz serigrafia sobre retalhos – carne-seca - de estamparia selecionada nos balcões de venda de tecidos populares. O artista aproveita o desenhos que resta nos tecidos cirando outros, de sua autoria.
Flávio Império constrói sua obra gráfica com os restos, as marcas que sobram no tecido feitas por trabalho anônimo dos designers. Ele recupera um trabalho industrial, trazendo-o ao presente sob a forma de arte; essas serigrafias têm um significado romântico e arqueológico profundos. A realidade, ou seja, a aparência do mundo real, presente está nos objetos passados, gastos e preteridos. O aproveitamento das coisas anônimas cria um suporte concreto para desmitificar a criatividade da elite intelectual, pois o arranjo das formas é o mesmo, tanto nos panos com os quais a maioria se cobre quando nos arranjos feitos pelo artistas nas serigrafias. Com este sentido crítico, o artista faz suas serigrafias na “carne seca” – pano endurecido pela tinta - acrescentando às formas anteriores da estamparia a sua própria criação. Flávio Império participa por esse meio de um processo criativo mais amplo, redistribuindo o gosto e o prazer estético das maiorias às camadas minoritárias de maior poder aquisitivo. As serigrafias impressas sobre o tecido elevam o pano à categoria de suporte plástico anticonvencional e criam um espaço artístico embandeirado, vigoroso e descontraído.