DEPOIS DA QUEDA
(1964)

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  • REPERCUSSÃO (2/3)
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    Veículo não identificado
    28 de setembro de 1964

    Acervo Flávio Império

    Texto de autoria desconhecida

    Teatro e Depois da Queda na Argentina

    “Buenos Aires é um grande centro de teatro, em muitos aspectos comparável a Paris ou Nova York. Ao regressar ao Brasil, deixei mais de 50 espetáculos em cartaz, entre os quais três obras de Brecht (Galileu Galilei, Homem por homem e  O sr. Puntilla e seu criado Matti). Além de Depois da Queda, que dirigi, Arthur Miller estava presente com A Morte do caixeiro viajante, As feiticeiras de Salém e  Lambrança de suas segundas-feiras; de Wesker, eram encenadas Raízes e Estou falando de Jerusalém; de Garcia Lorca, Dona Rosita; de Durrematt, O casamento do sr. Mississipi; de Osborne, Lutero; de T.S. Elliot, Reunião de família, Quem tem medo de Virginia Wolf? já atingiu mais de 300 representações e outro espetáculo de grande exito é O processo de Mary Dugan – Assim resumiu Flávio Rangel o panorama cênico da capital argentina, onde ele passou várias semanas, no preparo de Depois da Queda, que está fazendo ali excelente carreira como no Brasil.

    AMBIENTE CULTURAL
    Flávio Rangel externa sua impressão sobre Bueno Aires:
    “A cidade exerce fascínio sobre o visitante, com muitos elemtnos que fazem recordar uma cidade européia. Tem 7 milhões de habitantes, de uma população de 22 milhões em toda a Argentina. É inquestionável a superioridade do ambiente cultural de Buenos Aires sobre qualquer cidade latino-americana. O que existe em matéria de livrarias, exposições e cinemas de arte me fez ficar com água na boca. No que diz respeito especificamente ao teatro, a cidade possui uma das casas de espetáculo mais belas e mais bem aparelhadas do mundo: o Teatro General San Martin”.

    ESTRUTURA
    “A estrutura econômica do teatro argentino assemelha-se à da Broadway – prossegue Flávio Rangel – Esta seria o “teatro da Calle Corrientes”, casa de espetáculo com mais de 800 lugares e que apresentam as comédias digestivas; havia em cartaz Flor de cactus, Les Coutes (levada no Rio com o título As inocentes do Leblon), além de Alfonso Paso e outros do gênero. Os teatros “independentes” e os apoiados por subvenções governamentais é que apresentam as melhores obras: seria a “off-Broadway”. Há muitas peças de autores argentinos novos, além do nosso conhecido Oswaldo Dragun. Trouxe muitas para lê-las aqui, já que meus afazeres de ensaios não me permitiam vê-las em cena. Mas, assim como se pode notas que, em Nova York, quem está “off” (Broadway ou Calle Corrientes) ques estar “in” com tudo que isso significa de segurança financeira, fama etc. quem está “in” sente a nostalgia de não fazer as grandes obras de teatro pelas quais um dia resolver escolher sua profissão”.

    ATORES
    Segundo Flávio Rangel, há em Bunos Aires um número infinitamente superior de atores e técnicos, trabalhando de modo organizado, principalmente do ponto de vista sindical do que do Rio ou em São Paulo:
    “A Associação Argentina de Atores, atualmente sob a direção de um grupo de artistas competentes e eficientes, toma a si a repsonsabilidade das relações entre artistas e empresários. Eles têm, juntamente com A Casa do Teatro, um prédio enorme, na Avenida Santá Fé, uma das principais da cidade, com teatro, biblioteca, clube etc. Suponho que os 6 ou 8 melhores atores argentinos sejam do mesmo nível dos 6 ou 8 melhores atores brasileiros; mas os atores secundários são melhores que os nossos, principalmente porque em muito mais número: a oferta é maior que a procura”.

    DEPOIS DA QUEDA
    Flávio Rangel passa a falar sobre o preparo de Depois da Queda:
    “Para organizar o elenco, vi quase uma centena de atores, e escolhi os intérpretes definitivos ajudado por Ernesto Bianco, um dos mais respeitados atores argentinos, que em 1964 obteve um exito extraordinário em Meu querido mentiroso. Bianco é um homem inteligente e culto, alé de simpático e gentil. É também encenador (dirigiu Os ladrões de Schiller), e acaba de fazer sua primeira experiência como ator de cinema. Biando vive, com grande categoria, o papel de Quentin, criado no Brasil por Paulo Autran. Quanto ao papel de Maggie, foi muito demorada a escolha de sua intérprete. Optei finalmente por Maria Concepción Cesar, uma atriz que estava já há algum tempo exclusivamente na televisão. Na personagem que vimos com Maria Della Costa, ela supreendeu a crítica e o público, conseguindo um exito pessoal muito grande. Holga é feita por Fernanda Mistral, que eu conhecera em Cannes, em 1963, quando ambos tinhamos filmes no Festival. Nelly Panizza vive Louise e o papel da mãe é interpretado por Iris Marga – esta uma atriz internacional, que pode tranquilamente representar em qualquer lugar do mundo. O elenco feminino é composto ainda por Leonor Gallino, uma jovem e talentosíssima atriz e bailarina. Conrado Corradi, Gianni Lunadel, Eduardo Munoz e Jorge Morales, todos os 4 ótimos atores, completam o conjunto”.

    CRÍTICA E PÚBLICO
    “Depois da Queda estreou no dia 20 de agosto no Teatro Astral obtendo grande exito de crítica e de público. Os “bordereaux” das primeiras 29 recitas demonstram que a peça já fôra vista por 11.996 pessoas, numa média diária de 414 espectadores.
    “La Nacion” publicou: “A direção de Flávio Rangel, desenvolvida sobre vários planos e com ampla utilização de luzes, mantém um ritmo vibrante, servida pelo competente trabalho do elenco. A cenografia de Flávio Império, com sua construção metálica e seus motivos simbólicos, serviu bem à ação”.

    TEXTO DE AUTORIA DESCONHECIDA

    DEPOIS DA QUEDA
    (1964)