RODA VIVA | X |
DA "RODA VIVA:, IMEDIATAMENTE
ELE INVENTOU UM PALCO VÍDEO DE TELEVISÃO,
DE UM LADO SÃO JORGE E O DRAGÃO E
DO OUTRO A COCA_COLA _ MAS UM MERO ALTAR_
NO PALCO ALTAR DOS PROTAGONISTAS,
DOS ÍDOLOS,
DOS SANTOS, MAS A AÇÃO SE PASSAVA NA PLATÉIA.
NA SALA CERCADA DE SLIDES POR TODO O LADO
COM IMAGENS REPRODUZIDA DO ÍDOLO _
COMO UM TERREIRO ELETRÔNICO MESMO;
O PÚBLICO SENDO COMIDO E TRANSADO COMO PERSONAGEM
PELOS COROS QUE SAIAM DOS VÍDEOS
GRITANDO "COMPRE, COMPRE"
E AGARRAVAM_SE ÀS PESSOAS
E CELEBRAVAM UM RITO E 3 TEMPOS _O ÍDOLO POP
_O ÍDOLO POLÍTICO, DE CARA FEIA E PUNHO FECHADO
_O ÍDOLO HIPPIE.
EM CADA UMA DESSAS TRANSAS
MUDANÇAS NAS CENOGRAFIAS, ROUPAS,
UM TRITURAR COMPLETO
DE TODA INFORMAÇÃO DA ÉPOCA NUMA RODA VIVA. EU CREIO QUE
RODA VIVA
QUE VIVEU O TEMPO
QUE DUROU 68, ALGUNS MESES,
ANUNCIOU OS GRITOS REVOLUCIONÁRIOS,
DO ENCONTRO APAIXONADO DE UM TEATRO POPULAR BRASILEIRO
DE RITOS PROFANATÓRIOS_
DE TRANSFORMAÇÃO DOS TABUS COLONIAIS BRASILEIROS
EM TOTEM.
AÍ ERA PRECISO TRABALHAR COM TABUS
OS SIGNOS DOS SUPER RITUAIS.
FLÁVIO ESPECIALIZOU_SE
NOS FIGURINOS DE PARAMENTAÇÃO.
NO SENTIDO FETICHISTA DE
ROUPA DE CERIMÔNIA;
CADA ACESSÓRIO, CADA PEÇA QUE VAI CRIANDO
UM PERSONAGEM DE SANTO, DE MESTRE, DE PROTAGONISTA.
DE UM LADO, OS COROS VESTEM. MAS DEPOIS
OS COROS DESPEM E
CARREGANDO SEU ÍDOLO EM ANDOR DE PROCISSÃO,
ATIRAM ELE FORA NÚ
E VIRAM OS COROS DAS
BÁRBARAS MACACAS DE AUDITÓRIO
QUE COMEM A CARNE CRUA
DO FÍGADO,
DO SEU ÍDOLO DE PROTESTO,
DE GOLA ROLÊ, DE CHAPÉU DE CANGACEIRO,
E DÃO LUGAR _ À NOSSA SENHORA APARECIDA HIPPIE: "MODELOS"
OS FOTÓGRAFOS OFICIAIS NA ÉPOCA_ DANÇARAM
SÓ FOTOGRAFAVAM O PALCO
_ A PLATÉIA ERA ÁREA IMUTÁVEL SACRALIDADE _
E A AÇÃO SE PASSAVA
NO ESPAÇO TODO, COMO NUMA RODA.
SÓ OS FOTÓGRAFOS LOUCOS VIRAM CERTO. MAS É DIFÍCIL ENCONTRAR SUAS FOTOS HOJE.
NA ÉPOCA REINVIDICAMOS À RUTH ESCOBAR E JOHN KANTOR, PRODUTORES, E FOI ACORDADO
DIREITOS PARA A CENOGRAFIA
E FIGURINOS DE FLÁVIO,
COMO DO AUTOR, DO MÚSICO, POIS
ERA UM TRABALHO ICONOGRÁFICO DE SANTEIRO,
PARA SER LIDO COMO UMA DRAMATURGIA,
UMA PAUTA MUSICAL.
DULCE MARIA FAZIA A PRODUÇÃO EM 16 DIAS
AO MESMO TEMPO QUE GUERREAVA COM A REPRESSÃO
VIOLENTA QUE VINHA VINDO.
EU ESTAVA EM ENSAIO TODOS OS DIAS
TRANSANDO E CANTANDO COM OS COROS.
FLÁVIO VINHA, VIA, A GENTE FALAVA
_ E SAIA TUDO LINDO
UM TRABALHO CASAVA COM OUTRO E
ERA UMA ANTROPOFAGIA SÓ_
ACHO QUE O TEATRO DE ESTÁDIO
O TEATRO POPULAR NO BRASIL,
TEM MUITO A RECEBER
DOS CONHECIMENTOS DE SIGNOS -
NA ROUPA QUE FLÁVIO TRAZ. É A RUMBA RITUAL DE UM KABUKI BRASILEIRO
É A ROUPA RITUAL_ LIGADA À UM ESPAÇO_TERRA,
ESCLARECEDOR DA FIGURA HUMANA _ EM 1º PLANO_
AÍ VEIO O ATAQUE FÍSICO À ESSA
REVOLUÇÃO CULTURAL.
JOSÉ CELSO MARTINEZ CORRÊA