CENTRO DE ESTUDOS MACUNAÍMA | X |
Em 1974, Sylvio Zilber, Cláudio Lucchesi, Flávio Império, Marcelo Peixoto e eu fundamos o Centro de Estudos Macunaíma (um pouco mais tarde juntou-se a nós o terapeuta Roberto Freire). Funcionamos um tempo na na Lapa, mas depois fomos para a Rua Lopes Chaves, na casa onde residiu Mário de Andrade.
Nossa proposta para uma Escola de Teatro era bastante diferente da de Alfredo Mesquita para a sua Escola de Arte Dramática (EAD). O Macunaíma correspondia a outros tempos. Não estávamos muito longe de 1968, marco de tantas lutas e viradas de mesa. Os anos 60 são lembrados como anos de batalha para destruir o velho e impor o novo. Instituições, ideias, tabus eram postos a prova.
Na EAD, o pouco Stanislavski que nos chegava era apenas trabalhado em nossas mentes. O corpo ia acompanhando certinho o que nossas palavras expressavam, sem muita discussão nem alterações. Nos anos 70, ele (o corpo) tomou praticamente a dianteira. Aprendia-se que a neurose estava nele e era necessário libertá-lo para que a criatividade pudesse surgir.
Junto com Flávio armamos o curso em torno de exercícios básicos:
- exercícios de sensibilização (tornar a pessoa mais sensível a uma situação forte).
- exercício de sensorialização (desenvolver a sensibilidade de todos os sentidos).
Me lembro que hoje de um dos primeiros exercícios dados pelo Flávio: armou um caminho de pedrinhas, água gelada, água quente, luzes, coisas que caíam e as pessoas, com os olhos vendados, percorriam o caminho, sentindo o que tocavam. Era muito bonito esse exercício e só mesmo um artista poderia idealizar uma coisa dessas.
MYRIAM MUNIZ