TODO ANJO É TERRÍVEL
(1962)

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  • REPERCUSSÃO (3/3)
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    Artigo de autoria, publicação e data não identificados

    Acervo Flávio Império

    Todo Anjo é Terrível na Oficina

    A estréia de ontem serviu para provar que o teatro Oficina, apesar de seus pendores esquerdizante e brechtianos, parece ter uma sorte especial com os textos norte-americanos, de substância muito mais psicológica do que social ou política. Todo anjo é Terrível, de Ketti Frings, é uma peça impetuosa e generosa, como dizem ter sido o autor do romance que lhe deu origem: Look homeward, angel de Thomas Wolfe. Não tem a originalidade absoluta das obras-primas, mas surpreende pelo vigor e lirismo com que renova situações e conflitos que em outras mãos talvez não ultrapassassem a banalidade.

    Se esta nota desejasse ser uma análise pormenorizada, haveria muita coisa que criticar no espetáculo. Mas a impressão global, que é a que importa, é amplamente favorável ao trabalho de direção de José Celso Martinez Corrêa, que desenha com grande nitidez os traços gerais do quadro proposto pela adaptação de Ketti Frings, não errando nunca quanto ao principal, neste gênero de peça, que é a criação da atomosfera. Contribuem igualmente para estre resultado os cenários de Flávio Império, que dão uma verdadeira lição de como aproveitar econômica e funcionalmente o espaço cênico.

    Entre os intérpretes, a grande presença, como ja se esperava é a de Henriette Morineau, que volta a São Paulo depois de uma ausência de quatro anos, demonstrando não ter tido qualquer dificuldade em adaptar-se ao estilo do teatro de arena. A sua interpretação é um modelo de contenção e expressividade. Outros excelentes desempenhos são os de Renato Borghi, na mesma linha de suas criações anteriores, mas revelando agora muito maior maturidade artística, de Célia Helena, atriz sempre sensível, e Sadi Cabral, sobretudo nos aspectos mais engraçados do papel.

    Todo Anjo é Terrível foi o maior êxito artístico da temporada norte-americana de 1958, arrebatando todos os prêmios de critica e permanecendo meses e meses em cartaz. Não há nenhum motivo para que não faça em São Paulo carreira semelhante, trantando-se de uma peça franca e extrovertida, como o publico gosta, mas resgatada poeticamente pela extraordinária aura nostálgica com que Thomas Wolfe soube envolver a sua narração, alias de fundo autobiográfico. 

    AUTORIA NÃO IDENTIFICADA

    TODO ANJO É TERRÍVEL
    (1962)