PANO DE BOCA
(1976)

X
  • DEPOIMENTOS (4/4)
  •  
    X
     
    Trecho de texto de Loira Cerroti
    Ocupação Flávio Império
    Itaú Cultural, 2011
    São Paulo

    Acervo Flávio Império

    © Loira Cerroti

    A malha, eu não sei onde Flávio arrumou. Já tinha levado uns pedaços para as aulas da FAU, feito uns quadros/esculturas. Quando o Fauzi Arap o chamou para fazer o cenário de Pano de Boca , peça em que os atores viviam na cabeça do autor, a malha se transformou num cérebro gigante que envolvia o palco e o público. O fardo cru não era ideal.

    Descoberta sua plasticidade, a malha virou matéria de quase todos os cenários que Flávio projetaria daqui para a frente. Malha de fardo crua, no começo, depois tingida em casa nos panelões, transformou-se em ciclorama: asas celestiais como no Pássaro da Manhã, espetáculo de Maria Bethania de 1977.

    O fardo crú não era ideal para tingir e começamos a usar meia malha de algodão alvejada, que resultava num colorido mais limpo. Conforme os patrocínios e apoios, íamos nos adaptando a outros materiais como a lycra: a peça Othello (1982) tinha apoio da TDB (têxtil David Bobrow), que a fabricava. O fundo da ilha de Chipre foi fabricado com uma laicra de lingerie, cor da pele clara, impressa em silk com folhas de palmeiras
    em branco. Depois tudo foi tingido em degradê tons terra. O tingimento após a impressão dava uma tonalidade especial ao branco da tinta.

    A malha, a impressão e o tingimento tornaram-se nossos parceiros ideais! Às vezes havia um toque de brocal e lantejoulas.

    LOIRA CERROTI

    PANO DE BOCA
    (1976)