DOCES BÁRBAROS
(1976)

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  • REPERCUSSÃO (1/1)
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    Luis Antônio Giron
    Folha de S. Paulo
    15 de janeiro de 1994

    Acervo Flávio Império

    © Fotografia de Tom Job Azulay

    Bandeirantes exibe espetáculo

    O show da volta dos Doces Bárbaros vai dar origem a vários produtos. A Rede Bandeirantes exibe o programa sobre o espetáculo no domingo, dia 23, às 21h. A Mangueira recebe cotas do espaço comercial da emissora. A escola pretende gravar o show para lançá-lo em disco o mais rapidamente possível. “Vamos negociar com as gravadoras a comercialização do produto”, diz o músico Ivo Meirelles, vice-presidente da escola. Mangueira e Doces Bárbaros se apresentam em Londres, no dia 1º de junho, encerrando o Festival da Bahia. A Polygram relança em CD o álbum duplo do grupo.

    Ainda assim, há quem não creia na volta do grupo. É o caso de Roberto de Oliveira, diretor do programa. “O momento deles é outro”, diz. “Vão surpreender pela maturidade”. Oliveira coordena uma equipe de sessenta pessoas e chegou ontem ao Estúdio Verde, no Cosme Velho (zona sul do Rio), bem antes dos quatro. Ensaiaram no fim da tarde, mas, segundo o diretor, Bethânia marcou um ensaio separado com sua banda antes da coletiva, programada para as 16h30.

    Além do show, o diretor pretende mostrar cenas do ensaio, da coletiva e da passagem de som – programada para hoje, a partir das 16h, na quadra. A Bandeirantes também vai utilizar cenas do filme Doces Bárbaros, de Jom Tob Azulay, realizado durante a excursão do grupo e lançado em 1978.

    O filme foi relançado em vídeo há dois anos, pela CIC. O filme tem 100 minutos, mas Azulay diz que filmou 15 horas. “Comecei fazendo um musical e terminei no policial”, brinca o diretor. A turnê do quarteto doi interrompida em Florianópolis com a prisão de Gil. “O show foi um grande grito de liberação do comportamento e de beleza que ainda hoje emociona”, diz Azulay. “O que os Doces Bárbaros pregavam era o direito ao prazer e a liberdade individual. Essas lições continuam mais vivas do que nunca”.

    Doces Bárbaros exaltam Mangueira em show único
    Bethânia, Caetano, Gal e Gil cantam hoje para ajudar escola que vai homenageá-los

    Alto astral, altas transas, lindas canções. Gilberto Gil pulando de malha colante amarela. Gal Costa e Bethânia em modelos iguais. Caetano Veloso com miçangas hippies. Lua minguante ao fundo. Essa cena não se repetirá hoje à noite na quadra da escola de samba Mangueira, quando se reunirem os Doces Bárbaros diante de 4.000 pessoas (os ingressos estão esgotados). Afinal, 18 anos separam os quatro baianos da turnê que consagrou a turnê dos então “quatro cavaleiros do após calipso”.

    Os quatro senhores farão um show para recolher fundos para o Carnaval da Mangueira, cujo enredo exalta a trajetória dos Doces Bárbaros, do tropicalismo ao superestrelato. Em vez dos rocks antigos, vão interpretar clássicos. Do passado escolheram “Esotérico” (Gil) e “Os Mais Doces Bárbaros” (Caetano). A primeira inicia o show. A segunda integra o bloco final.

    O quarteto encerra o espetáculo com “Exaltação à Mangueira”, hino da escola, e o samba-enredo deste ano, “Atrás da Verde e Rosa Só Não Vai Quem Já Morreu” (David Corrêa, Carlos Senna, Paulinho e Bira do Ponto). Acompanha a bateria da escola.

    “Não será o retorno do grupo”, diz Gil. “Sempre que nos reunirmos seremos os Doces Bárbaros. Vamos só recordar”. Caetano assina a direção musical e quer evitar o saudosismo. São 23 músicas. Cada um canta sozinho quatro. Bethânia, Emoções (Roberto Carlos) e Sei Lá, Mangueira, A Bahia te espera e Cidade Maravilhosa. Gil, Aquele Abraço, Parabolicamará e Super-homem. Gal, London, London, Meu Bem, Meu Mal e Bumbo da Mangueira. Caetano guarda segredo. Nada de lua de mel no final, mas uma bandeira de 16 metros de comprimento por seis de altura. O após calipso virou samba.

    LUÍS ANTÔNIO GIRON

    DOCES BÁRBAROS
    (1976)