“Oh! Que felicidade!”.
Foi com essa interjeição que Caetano Veloso, sentado na plateia do Anhembi (SP) durante o ensaio geral, expressou sua satisfação ao ver subir no palco a rotunda que ambientou o show Os Doces Bárbaros. Planejada para a utilização nos mais diversos locais, inclusive em estádios e ginásios de esporte, a flâmula tinha enormes dimensões. Como num ato teatral, ela surgia inteira no espaço cênico.
Flávio Império, com suas costureiras e auxiliares, emendou parte a parte os tecidos multicoloridos e semitransparentes. A bandeira era tão grande que, em alguns casos, cobria não só o fundo do palco, mas caía sob o urdimento, como uma lona de circo. Flávio simbolizou o ecletismo de Maria Bethânia, Gal Costa, Gilberto Gil e Caetano Veloso por meio do espectro de cores dispostas em faixas horizontais.
No ano de 1976, o show reunia novamente os artistas que iniciaram suas carreiras em apresentações na Bahia e que se dispersaram em meados da década de 60 para seguirem trajetórias singulares. Realizado em tempo recorde – pouco mais de 15 dias de ensaio – o espetáculo unificava a inteligência e irreverência dos amigos em um repertório que ia de sambas de roda tradicionais a experimentalismos sonoros. Flávio, contribuindo visualmente com a proposta, aplicou sobre o fundo colorido uma série de signos geométricos que ora alinhavam-se com os traços horizontais e ora rompiam-nos: estrelas, bandeiras de São João, o raio de Xangô. No centro, uma lua brilhava no céu dos baianos. Sobre o tablado, uma grande Estrela de David simbolizava a liberdade dos quatro artistas.
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