ABSURDOS, OS DOZE TRABALHOS DE FLÉRSULES
(1984)

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  • DEPOIMENTOS (1/1)
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    Texto para o espetáculo
    Datilografado

    Acervo Flávio Império

    © Flávio Império

    E assim vai o mundo... E vai realmente muito bem. Imaginem se o mundo fosse melhor do que é; se já assim existe tanto humor, se melhor, haveria gente "morrendo" de rir.

    Talvez seja por isso que subsista à tanta bem-aventurança, sempre alguma desgraçazinha: uma guerra mundial de tempos em tempos, a exploração em todos os tempos, uma bombinha atômica aqui outra ali, um terremoto, uma pestezinha, assassinatos, golpes militares, perseguições políticas, campos de concentração, dores de barriga; enfim, algumas bagatelas que não conseguem empanar a glória e o brilho dessa terrenal bonança.

    Neuróticos são os que vêem nesses pequenos, desacertos da natureza, catástrofes.

    Não, não tantas mais coisas belas? - As flores, os pássaros, as paisagens, o céu, as árvores, embora algumas bichadas? dos mares, dos rios, dos lagos, dos ribeirões, das ribeirinhas, embora haja sempre alguma kistosomozesinha? Dos móveis, dos automóveis, da chuva, dos guarda-chuvas, das calcinhas,

    ninharias,

    babelas,

    bagatelas,

    enfim, o mundo vai bem assim,

    para tu,

    para ele,

    para ela,

    para nós,

    para vós,

    para eles,

    para elas,

    para mim.

    FLÁVIO IMPÉRIO

    ABSURDOS, OS DOZE TRABALHOS DE FLÉRSULES
    (1984)