UM BONDE CHAMADO DESEJO
(1962)

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    Depoimento de Flávio Império a Fernanda Perracini Milani
    1975
    Acervo Flávio Império

    © Flávio Império

    O cenário de Uma rua chamada pecado ou Um bonde chamado desejo era baseado na estrutura linear de canos de ferro (Manesman).
    Trainéis laterais aplicados às paredes do teatro revestidos com eucatex recortado e montado segundo desenho convencional de assentamento de tijolos de parede comum, sem revestimento.
    A estrutura linear de canos era, ao mesmo tempo, estrutura física e cenográfica, dividia e organizava todo espaço da arena, de parede a parede, de plateia a plateia, do chão ao teto. Organizava os vários lugares da ação sem ruptura de coerência espacial, emprestando a cada momento da ação a mesma densidade prevista no drama.
    O “realismo crítico” sugerido pela direção do espetáculo era aplicado às imagens, paredes, hastes de ferro, móveis, roupas, objetos, procurando ampliar o conflito entre o urbano (Kowalsky) e a fantasia rural (Blanche du Bois) através de cor, matéria e organização espacial. Os elementos de contrastes ampliavam o sentido do conflito. Procurou-se através do contraste de cor e matéria, assim como a seleção de cada objeto, criar o universo visual de cada personagem em cada momento da ação, como extensão de seu corpo, movimento e ação dramática.
    O material de cena foi sendo incorporado desde os laboratórios de interpretação e resultaram carregados de carga dramática específica de cada cena.
    O resultado dramático da ação ficou intimamente relacionado com cada “lugar” ou “objeto” incorporado através da interação com os atores.
    Foi uma experiência realista de grande densidade dramática, em que cada elemento ganhou a coerência que a tessitura que o texto exigia, uma vez que ele próprio é extremamente coerente e com uma tessitura ímpar.

    FLÁVIO IMPÉRIO

    UM BONDE CHAMADO DESEJO
    (1962)