OTHELLO
(1982)

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  • DEPOIMENTOS (3/3)
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    Loira Cerroti sobre o cenários de Othello
    2012
    Acervo Flávio Império

    © Loira Cerroti

    Em Othello, o cenário se desenvolvia prenunciando os diferentes climas da peça.

    A chegada a Ilha de Chipre é marcada pelo movimento do tecido que cobre, inadvertidamente, o piso do palco e transforma-se em ciclorama. Suspenso por duas cordas, inflando como um balão ou um espectro, que prenuncia os terríveis acontecimentos que se darão naquele palco, chega à forma final e  estabiliza-se, funcionando como fundo a todas as próximas cenas.

    Duas cortinas de voil lilás escorregam sobre os arames, esticados desde o início da peça, como duas guilhotinas e com a sutileza da intriga velada e recebem Othello e Iago.

    No final, as cortinas de cor cobre vão escorrendo (elas estavam, até então, fechadas em caixas no urdimento que vão se abrindo uma a uma) formando as grades de uma prisão. Conforme o drama se intensifica, vão se abrindo e se juntando até fechar o cerco onde Othello mata Desdêmona.

    O momento em que a governanta chega no quarto e encontra o corpo de Desdêmona sem vida e empurra as cortinas deixando entrar a luz, vermelha como  sangue,  é um exemplo perfeito de como o cenário de Flávio não se conformava em ser apenas um fundo, mas sim atuar como um personagem: intruso, subliminar, maravilhoso!

    LOIRA CERROTI

    OTHELLO
    (1982)