Compostos por trainéis estruturados em recorte de madeira compensada, com fechamentos em malha de algodão tingida, os cenários de Flávio Império para Noel Rosa, o poeta da vila e seus amores funcionam como uma sugestão dos diversos ambientes em que se passam as ações.
A translucidez própria do material utilizado cria, a cada cena, a possibilidade de transformação de sua atmosfera através de simples jogos de luz previamente estudados pelo cenógrafo. Elementos principais de conformação de cada cenário, os leves trainéis de tecido entram e saem de cena sustentados pelas varas do urdimento enquanto plataformas sobre rodas levam e trazem, desde as cochias laterais, objetos complementares - o leito de morte, uma mesa de bar confeccionada em recorte junto à cadeira, etc.
A noite, grande companheira de Noel Rosa, reina ao fundo no ciclorama, confeccionado em malha de algodão tingida e tensionada, com estrelas feitas de pequenos pontos de luz.
Figurinos de construção sofisticada convivem com a figura tradicional do dragão, destaque para o bloco carnavalesco, que conta com os bailarinos para se realizar a cada noite: sua cabeça, sustentada por rodas, e cada parte de corpo, formado por módulos de bambolês e tecido ganham forma através da manipulação.
A história de um dos maiores compositores, sambistas e cantores da música popular brasileira tomou a forma de espetáculo musical. A peça passeia por fragmentos da vida do poeta, alinhavados por algumas de suas mais belas canções.
Desde seu leito de morte, o artista revisita momentos cruciais de sua existência. Mulheres como sua mãe D. Marta, as damas que abalaram seu coração e suas intérpretes favoritas – Marília Batista e Araci de Almeida - protagonizam uma espécie de delírio que recria o clima boêmio da era do rádio, dos carnavais de bloco e dos cabarés típicos dos arredores dos Arcos da Lapa, na cidade do Rio de Janeiro.
Atores, músicos e bailarinos dividem o espaço da cena em uma sequência como que produzida pela livre associação do pensamento moribundo, onde a ordem cronológica se perde.
Noel Rosa, o poeta da vila e seus amores foi o espetáculo inaugural da sede própria do Teatro Popular do Sesi, no hoje tradicional endereço da Avenida Paulista. Foi também a primeira parceria entre Flávio Império, assinando cenários e figurinos, e o diretor da casa, Osmar Rodrigues Cruz, o que iria se repetir por ainda três montagens consecutivas: A Falecida, em 1979, Chiquinha Gonzaga, ó abre alas, em 1983 e O rei do riso, em 1985.
ASSISTENTE DE DIREÇÃO PAULO LARA ASSISTENTE DE COREOGRAFIA MARILENE ...