Esta foi a quarta participação de Flávio Império como cenógrafo e figurinista no Teatro de Arena, depois de Gente como a gente, de Roberto Freire, Pintado de Alegre, de Flávio Migliaccio e O testamento do cangaceiro, de Francisco de Assis, todos dirigidos por Augusto Boal. Um cenário econômico, de poucos e essenciais elementos toma o palco em um tratamento bastante diverso tanto da concepção visual dos outros espetáculos levados pelo grupo no mesmo espaço, quanto da versão que Flávio Império, como diretor, desenvolveu para o mesmo texto, em 1968, junto ao Teatro dos Universitários de São Paulo - TUSP.
A cena se passa no interior da casa da família Carrar, na sala/cozinha da morada de pescadores. Através da janela, os personagens vêem o mar, de onde sempre viera o alimento e que torna-se o lugar em que o filho será abatido. Tereza Carrar não quer ver os filhos participando do terrível conflito que aflige a Espanha e nem consente que se entregue aos republicanos os fuzis que seu marido, morto no levante das Astúrias, escondia em casa. Tem absoluta certeza que a neutralidade será respeitada pelas forças governistas.
Infelizmente isso não vai acontecer. Uma canhoneira nacionalista atira e mata seu filho, enquanto ele pescava, só porque usava um boné de operário. Teresa aprende que a posição de neutralidade não nos exime de tomarmos partido de um dos lados. Decide juntar-se à luta e entregar os fuzis escondidos aos republicanos.
Bertolt Brecht (1898-1956) inspirou-se em Riders to the sea, tragédia poética, em um ato, do irlandês J.M Synge (1871-1909), para compor sua obra dramática, localizando a ação numa aldeia de pescadores na Espanha, durante a guerra civil.
Os fuzis da mãe Carrar estreou no Teatro de Arena de São Paulo de São Paulo em 7 de fevereiro de 1962. José Renato, diretor do espetáculo escreveu no programa: “Mãe Carrar é o teatro de nossos dias (...) alguém que se debate...entre concepções e definições...entre consciência e inconsciência...”
Após essa experiência, o grupo Teatro de Arena foi reestruturado e Flávio passou a compor sua diretoria ao lado de Augusto Boal, Gianfrancesco Guarnieri, Paulo José e Juca de Oliveira.
ASSISTÊNCIA TÉCNICA ORION DE CARVALHO DIREÇÃO ARTÍSTICA DO TEATRO ...