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ARENA CONTA ZUMBI (1965)

Em Arena conta Zumbi delineia-se um novo método de atuação, o “sistema coringa”, proposto neste espetáculo por Augusto Boal. Nove atores faziam “todo mundo”, revezando-se nos papéis de nobres, escravos e soldados.

O visual despojado criado por Flávio Império, no cenário e figurinos, provoca a imaginação do espectador. A viabilização da apresentação de um texto que viaja pelos mais variados lugares de ação, dando vida a inúmeros personagens, a ser montado em um pequeno palco em arena, com pouquíssimos recursos de produção é uma dos motivos da sintática visual empregada. Porém as soluções apresentadas pelo cenógrafo e figurinista foram, sem dúvida, co-responsáveis pela força dramática alcançada pelo espetáculo frente ao público. Um tapete felpudo vermelho faz as vezes de cenário e recebe atores cujo figurino brinca com as cores e as formas modernas de vestimenta em contraposição à historicidade do texto apresentado.

Edu (Lobo) veio (para São Paulo), achando que existia um texto pronto para ele musicar, mas a gente não tinha nada. A não ser a inquietação. (...) Eu tinha a idéia da 'sala de visitas'. Você pega três atores numa sala de visitas e se eles quiserem eles contam a história, passando do passado para o futuro, do campo de futebol para o Himalaia. Surgiu a magia do 'conta'. E Edu começou a cantar umas músicas novas para a gente. Cantou uma sobre Zumbi. A gente passou uma noite de loucura pela cidade e às 8 horas da manhã estava na praça da República comprando o livro do João Felício dos Santos, "Ganga Zumba". Resolvemos contar a história da rebelião negra. Arena conta. Começamos a pesquisar. Boal chegou. Todos juntos. O elenco também. Dentro da maior alegria, da maior euforia. Todo mundo rompendo coisas até no nível pessoal e todo mundo buscando coisas novas. Época de euforia e alegria mesmo. E Boal organizando o trabalho coletivo". (FERNANDO PEIXOTO, Teatro em Movimento - São Paulo, Hucitec, 1986)

Seguindo o espetáculo Opinião, produzido pelo Grupo Opinião e pelo Teatro de Arena, a nova maneira de teatro musical é adotada pelo Arena paulista. Gianfrancesco Guarnieri e Edu Lobo, com a participação de Augusto Boal, foram os responsáveis pela concepção das músicas, inspirados no romance Ganga Zumba, de João Felício dos Santos. A saga desse personagem desde sua viagem ao Brasil, no navio negreiro, à formação do Quilombo dos Palmares, as batalhas contra os portuguesas e as lutas internas da própria comunidade que culminaram com sua morte, foi o pretexto da criação conjunta.

Estréia
1º de maio de 1965
Teatro de Arena de São Paulo
São Paulo - SP

Autoria
Augusto Boal
Gianfrancesco Guarnieri

Música
Edú Lobo

Letra das canções REZA e GAMGA ZUMBA
Ruy GUerra e Vinicius de Moraes

Direção
Augusto Boal

Cenografia
Flávio Império

Figurino
Flávio Império

Realização
Teatro de Arena de São Paulo

COSTUREIRA ATELIER ELINA ILUMINAÇÃO ORION DE CARVALHO PRODUTOR MYRIAN ...

DEPOIMENTOS

NO TEMPO DO ZUMBI, EU JÁ ESTAVA MAIS AFASTADO DO TEATRO DE ARENA DE ...

FLÁVIO IMPÉRIO
EM CENA
CARTAZ
PROGRAMA
REPERCUSSÃO
PERCURSO CURATORIAL

TEATRO DE ARENA