Em Arena conta Zumbi delineia-se um novo método de atuação, o “sistema coringa”, proposto neste espetáculo por Augusto Boal. Nove atores faziam “todo mundo”, revezando-se nos papéis de nobres, escravos e soldados.
O visual despojado criado por Flávio Império, no cenário e figurinos, provoca a imaginação do espectador. A viabilização da apresentação de um texto que viaja pelos mais variados lugares de ação, dando vida a inúmeros personagens, a ser montado em um pequeno palco em arena, com pouquíssimos recursos de produção é uma dos motivos da sintática visual empregada. Porém as soluções apresentadas pelo cenógrafo e figurinista foram, sem dúvida, co-responsáveis pela força dramática alcançada pelo espetáculo frente ao público. Um tapete felpudo vermelho faz as vezes de cenário e recebe atores cujo figurino brinca com as cores e as formas modernas de vestimenta em contraposição à historicidade do texto apresentado.
Edu (Lobo) veio (para São Paulo), achando que existia um texto pronto para ele musicar, mas a gente não tinha nada. A não ser a inquietação. (...) Eu tinha a idéia da 'sala de visitas'. Você pega três atores numa sala de visitas e se eles quiserem eles contam a história, passando do passado para o futuro, do campo de futebol para o Himalaia. Surgiu a magia do 'conta'. E Edu começou a cantar umas músicas novas para a gente. Cantou uma sobre Zumbi. A gente passou uma noite de loucura pela cidade e às 8 horas da manhã estava na praça da República comprando o livro do João Felício dos Santos, "Ganga Zumba". Resolvemos contar a história da rebelião negra. Arena conta. Começamos a pesquisar. Boal chegou. Todos juntos. O elenco também. Dentro da maior alegria, da maior euforia. Todo mundo rompendo coisas até no nível pessoal e todo mundo buscando coisas novas. Época de euforia e alegria mesmo. E Boal organizando o trabalho coletivo". (FERNANDO PEIXOTO, Teatro em Movimento - São Paulo, Hucitec, 1986)
Seguindo o espetáculo Opinião, produzido pelo Grupo Opinião e pelo Teatro de Arena, a nova maneira de teatro musical é adotada pelo Arena paulista. Gianfrancesco Guarnieri e Edu Lobo, com a participação de Augusto Boal, foram os responsáveis pela concepção das músicas, inspirados no romance Ganga Zumba, de João Felício dos Santos. A saga desse personagem desde sua viagem ao Brasil, no navio negreiro, à formação do Quilombo dos Palmares, as batalhas contra os portuguesas e as lutas internas da própria comunidade que culminaram com sua morte, foi o pretexto da criação conjunta.
COSTUREIRA ATELIER ELINA ILUMINAÇÃO ORION DE CARVALHO PRODUTOR MYRIAN ...