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PÁSSARO DA MANHÃ (1977)

“Os pássaros não se recordam de suas ações e das ações dos outros. Por isso, eles retornam aos antigos lugares”.

O texto de autoria desconhecida recitado por Maria Bethânia logo após a canção “Começaria tudo outra vez” (Gonzaguinha) expressa com precisão o sentido deste show dirigido por Fauzi Arap. A intérprete surge como um pássaro que anuncia a chegada do sol após uma longa noite – a ditadura que tardava terminar. Pássaro da Manhã foi concebido, em 1977, para ser mais que um clamor pela Anistia. O espetáculo era um presságio para o retorno dos brasileiros expatriados. O augúrio estava na canção de exílio “Sabiá” (“Vou voltar / sei que ainda vou voltar”, de Chico Buarque e Tom Jobim), entoada pelos músicos. Especialmente, Bethânia cantava o regresso de dois “caros amigos”: o diretor Augusto Boal e o poeta Ferreira Gullar. Flávio metaforizou esse desejo de liberdade dando aos vôos de Bethânia um cosmos azulado, onde ressonava tranquilo seu canto proibido. Para tanto, utilizou malha tensionada e tingida.

Como asas de um enorme pássaro cor de céu, a estrutura envolvia abstratamente o espaço cênico e avançava para as laterais do teatro. Mais uma vez, Flávio lança mão da projeção do palco sobre a plateia, estilhaçando a quarta parede e modificando a arquitetura cênica. A proposta é uma rampa de frente sinuosa e espelhada que amplia a boca de cena. O figurino concebido por ele integra-se perfeitamente à atmosfera celeste, com aplicações brilhantes em azul e dourado – signo dos raios da manhã que a intérprete anuncia. A transparência e leveza do tecido investiam de suavidade os pousos do pássaro.



Estréia
1977
Teatro da Praia
Rio de Janeiro - RJ

Interpretação
Maria Bethânia

Roteiro
Fauzi Arap

Direção

Fauzi Arap

Cenografia
Flávio Império

Figurino

Flávio Império

Iluminação
Wilson

Realização
Maria Bethânia

Direção Musical
Terra Trio

ASSISTENTE DE DIREÇÃO TERESA ARAGÃO ASSISTENTE DE CENOGRAFIA LOIRA ...

CENÁRIO
EM CENA
PERCURSO CURATORIAL

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