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CHIQUINHA GONZAGA, Ó ABRE ALAS (1983)

Sobre o palco italiano e fazendo uso de sua típica maquinária, Flávio Império constrói os diversos espaços e épocas por onde passa a saga biográfica da compositora Chiquinha Gonzaga através de diferentes composições entre telões de fundo, elementos móveis e construções fixas no proscênio. Enquanto o desenho dos figurinos sugere os diferentes períodos da história, a criação de atmosferas especiais a cada cena rege a plasticidade do espaço.

Pontuados muitas vezes pela transparência dos materiais empregados, revezam-se em cena, através das varas do urdimento, o ciclorama de malha tensionada tingida (dividido em faixas transpassadas, de maneira a permitir a passagem dos atores), o telão estruturado em sarrafo e revestido em tecido esticado e os cortinados translúcidos, transformados em cena aberta em clássica cortina para a cena do Baile.

Como elementos fixos camarotes e balcões laterais partem do proscênio e avançam sobre a área da platéia, emoldurando as entradas, enquanto duas pontes móveis - escadas com plataformas - criam diversas situações ao serem reposicionadas em diferentes composições.

Loira Cerroti, assistente de cenografia, conta que Flávio Império foi seduzido pela produção de flores de papel crepon apresentadas a ele por uma das camareiras durante a confecção dos cenários. Como era seu costume, aproveitou o acaso de ter entre os funcionários da casa tal habilidade, e criou, para a cena final, uma cortina de flores de papel, elemento que repetirá no cenário de seu próximo trabalho Maria Bethania, 20 anos de paixão.

Chiquinha Gonzaga, Ó abre alas, com texto especialmente escrito por Maria Adelaide Amaral, foi a terceira montagem da parceria do diretor Osmar Rodrigues Cruz e Flávio Império, como cenógrafo e figurinista, para o Teatro Popular do Sesi. A proposta de realização de um espetáculo de apelo popular inspirou mais essa produção da casa, baseada no formato do palco italiano e explorando os recursos cênicos, bastante completos, que o equipamento do teatro da avenida Paulista oferecia.

Entre diálogos e muita música a peça conta a história de Francisca Edwiges Gonzaga, pianista, regente e compositora que, em meio às adversidades, conseguiu cumprir sua vocação de artista e cidadã consciente.

Suas setenta e sete partituras e mil peças avulsas fizeram, durante décadas a alegria dos saraus e das casas de espetáculo, mas não se poderá dizer que sua vida, não menos intensa, tenha sido alegre e prazeirosa. Vencendo preconceitos e barreiras da corte, não hesitou em romper seu casamento sem amor, arranjado pelos pais, ou mesmo em unir-se apaixonadamente com outro homem.

Por fim abandonada pela família valeu-se de seu querido instrumento de trabalho, o piano, para sobreviver, tocando em salões dançantes ou em salas de espera de cinema. Apoiada pelos amigos - poetas, escritores, jornalistas e, como não poderia deixar de ser, a boemia – não sucumbiu em solidão, pelo contrário, continuou atuante em sua profissão e também em inúmeras campanhas políticas e reinvindicações da classe.

Estréia
08 de setembro de1983
Teatro Popular do Sesi
São Paulo - SP

Autoria
Maria Adelaide Amaral

Direção
Osmar Rodrigues Cruz

Cenografia
Flávio Império

Figurino

Flávio Império

Iluminação
Domingos Fiorini

Direção musical

Oswaldo Sperandio

Música
Chiquinha Gonzaga

Realização
Teatro Popular do Sesi

DIREÇÃO (ASSISTENTE) CELSO RIBEIRO ASSISTENTE DE CENOGRAFIA LOIRA CERROTI ADEREÇO WAGNER ...

DEPOIMENTOS

NUM CERTO SENTIDO CHIQUINHA GONZAGA, MONTADA PELO TEATRO POPULAR DO SESI, ...

FLÁVIO IMPÉRIO
CENÁRIO
FIGURINO
COLAGEM
PROGRAMA
EM CENA