ARTES CÊNICAS » TEATRO

PINTADO DE ALEGRE (1961)

Pintado de Alegre, que estreou no Teatro de Arena em 23 de janeiro de 1961, foi a segunda participação de Flávio Império na casa como cenógrafo e figurinista, novamente com a direção de Augusto Boal.

Em texto publicado no programa do espetáculo o próprio artista expõe o conceito de seu trabalho. Se, à primeira vista, parece ter optado por uma representação naturalista, ressalta o caráter "impressionista" da produção, no que diz respeito à opção pela valorização da criação de uma atmosfera através das cores e texturas empregadas.

Em um bairro periférico residem Amélia e seus filhos Valéria, Mário e Lando. Enfeitam a pobreza, inventando uma alegria, e fantasiam fatos longe da realidade de sua miséria. Essa alegria pintada em suas vidas, aos poucos vai perdendo as cores e nos inteiramos de que Mário é um modesto empregado de fábrica, Valéria, uma menina cujos cadernos são feitos de papel de embrulho, Amélia lava e passa roupa pra fora e Lando compensa todas as suas frustrações, dormindo. Há dois anos não trabalha. Foi expulso do Exército porque roubou a espada do Major. Sem o certificado, não pode trabalhar. Sonha em ser rico, mas em certos momentos está consciente da falta de condições para dar um passo que seja para uma melhora de vida.
Dois acontecimentos, programados para a mesma noite disputam o pessoal do bairro: um Circo e um Comício de um candidato a deputado, que promete uma boa grana se desligarem a luz do Circo. Promessa tentadora para Lando e seus dois comparsas marginais. Fracassam nessa tentativa, mas o deputado promete a Nando 50 mil se conseguir que o espetáculo não se realize. Sempre pensando no dinheiro e na possibilidade de comprar um armazém para melhorar a vida da família, põe fogo nos camarins. O Comício tem início, mas Remendão, o palhaço dono do Circo, grita a verdade para o povo. Vaias, protestos e o deputado se retira, levando com ele as esperanças da família concentradas no sonhado armazém. Lando é agredido e volta para casa. Remendão o perdoa e leva-o em direção ao Circo. Será palhaço também e um dia, seu sucessor. “Vamos mudar o Circo... A gente precisa ficar junto em qualquer lugar...Você vai contá a tua história. A história do moleque que, um dia, quis ficar rico porque tá num País que quer que seja assim. Num país que progride a custa da miséria do povo. Vamos, Lando, agora a história é tua. Mas toma cuidado. Toma cuidado porque o povo trocou o Comício pelo Circo”.

Flávio Migliaccio começou no Teatro de Arena, encarregado de pequenas tarefas. Passou a ator, e atento ao Seminário de Dramaturgia em curso no Teatro, escreveu Pintado de Alegre, fiel à sua inventividade calcada no fantástico, na comicidade e na denúncia, de que “as coisas do jeito que estão, não vão bem...”

Estréia
23 de janeiro de 1961
Teatro de Arena
São Paulo - SP

Autoria
Flávio Migliaccio

Direção
Augusto Boal

Cenografia
Flávio Império

Figurino
Flávio Império

Produção
Teatro de Arena

ASSISTÊNCIA TÉCNICA ORION CARVALHO PRODUÇÃO HOMERO CAPOZZI ELENCO ...

DEPOIMENTOS

BOAL DISSE EM ENTREVISTAS QUE ANTES DE MIM NÃO HAVIA CENOGRAFIA NO TEATRO DE ...

FLÁVIO IMPÉRIO
EM CENA
PROGRAMA
PERCURSO CURATORIAL

TEATRO DE ARENA