Os anos 1970 marcam uma mudança significativa na produção pictórica de Flávio Império, que passa a abordar temas mais intimistas e pessoais, e não mais nitidamente políticos. Em aberta contraposição ao que vinha acontecendo, não apenas no âmbito teatral, mas também na produção gráfica, em que a colaboração com amigos e até com visitantes das exposições-oficinas era fundamental, a pintura constitui, para o artista, um porto seguro, um oásis de tranquilidade. Comparando o âmbito silencioso e solitário do “quintal” onde pintava com a atividade frenética do teatro, num texto de 1979, ele diria: “Sempre pintei na vida, em contraponto ao discurso dramático e à atividade necessariamente grupal que é a do teatro. Como um retorno obrigatório para dentro de mim”.
A casa do artista, contudo, continua sendo um lugar de encontros, de discussões abertas e de intercâmbio profundo de experiências: a importância decisiva do amplo círculo de amigos e familiares com os quais Flávio Império convive é indiretamente confirmada pelo grande número de retratos realizados nessa época. Com certa frequência os sujeitos retratados são sublimados em tipos universais e simbólicos, principalmente nos grandes polípticos realizados até 1975, profundamente influenciados pela leitura de Jung. Um capítulo à parte, que contudo exemplifica perfeitamente a inconformidade de Flávio Império com os canais convencionais de divulgação da produção artística, é o álbum Caras Cascas Máscaras (1977), que reúne imagens de pinturas e poemas do artista, concebido para ser vendido em bancas de jornal, configurando um novo canal de distribuição.